Recentemente, a prefeitura de Porto Alegre, em mais um esforço para digitalizar seus serviços e aproximá-los das pessoas, lançou sua primeira app para smartphone. Se trata, mais especificamente, da Porto Alegre App, desenvolvida para iOS pela Procempa.
Esta é uma iniciativa inédita e muito interessante da prefeitura da cidade. Uma app pode trazer muitas vantagens e facilidades para as pessoas, e, se o trabalho for bem feito, o o investimento vale bastante a pena. Confira neste review um relatório com todos os pontos fortes e fracos do aplicativo, e não deixe de testá-lo você mesmo e trazer suas opiniões!
Geral e funções
A Porto Alegre App está disponível na App Store gratuitamente, e foi desenvolvida pela Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre (Procempa) para iPod Touch e iPhone (lembrando que ela funciona no modo aumentado em iPads).
A app tem duas funções principais. A primeira é o acompanhamento de uma iniciativa bem conhecida dos cidadãos de Porto Alegre, o Orçamento Participativo, e a segunda são informações do trânsito na cidade. No canto da tela inicial é possível se registrar, preenchendo o nome, telefone e email do usuário.
Orçamento Participativo
Ao abrir o aplicativo, a primeira tela que aparece já é sobre o OP. A partir dela é possível selecionar entre 17 regiões da cidade. Dentro de cada uma, aparecem seções temáticas, como Política Habitacional, Educação, Assistência Social etc., cada uma contendo as demandas que a população daquela região fez ao Orçamento Participativo dentro daquele tema. Dentro de cada demanda é possível visualizar a que órgão ou secretaria ela se dirige, o número da demanda, os recursos orçamentários previstos, a liberação orçamentária obtida e a situação da demanda (en andamento, em obras, concluida, em cadastramento etc.).
Mora aí um recurso interessante: existe a opção para o usuário de reportar ele próprio o andamento da demanda. Ele pode tirar uma foto na hora e fazer upload, além de marcar a localização da foto (por meio do sistema de localização próprio do aparelho) e escrever um comentário sobre o andamento dos trabalhos.
Além de navegar nas demandas por local, é possível pesquisar pelo número de cada demanda, ou buscar por área temática.
Trânsito
A segunda parte da app leva apenas um recurso: um acompanhamento das últimas atualizações do perfil da EPTC no Twitter (@EPTC_POA).
Poucas funções
O principal problema da app é a falta de mais funções. Dentro do âmbito do Orçamento Participativo a proposta de acompanhar as demandas de todos os cantos da cidade é bem interessante, mas não há, por exemplo, um local onde enviar novas proposições para o OP. Se algum usuário tiver alguma demanda que ainda não foi listada, poderia enviar uma sugestão através da app, que ficaria em uma sessão específica, para não gerar confusão com as demandas existentes, e outros poderiam apoiar a ideia se concordassem. Claro, sugerir novas demandas é tarefa a ser feita durante as assembleias do Orçamento Participativo, e isto não deve ser modificado. A ideia de sugerir outras demandas seria apenas uma forma de colocar em evidência para outras pessoas necessidades e problemas que ainda não receberam atenção no OP.
O site do Orçamento Participativo é muito completo, com várias informações sobre todo o projeto. Mais destes dados poderiam constar no aplicativo, como datas das assembleias, informações (resumidas, ao menos) sobre o funcionamento de toda a iniciativa etc.
Já com relação ao trânsito a necessidade de mais recursos é forte. A conta no Twitter da EPTC tem atualização constante e boa, mas o usuário poderia dispor de mais informações sobre a situação do trânsito na cidade. Embedar a conta do Twitter no programa é uma solução prática e que cumpre seu objetivo: informa de forma rápida os últimos acontecimentos importantes no trânsito da cidade. Mas, com o tempo e mais desenvolvimento, outras soluções podes ser buscadas. Em sua sede de monitoramento, o órgão conta com muitas informações sobre os ônibus da cidade e o fluxo em geral nas ruas. Poderia haver uma seção do aplicativo com as linhas de ônibus com mais problemas de atraso, por exemplo. Ou pelo menos uma listagem das linhas, com o tempo médio de espera em dias de semana, sábados e domingos e feriados. Claro, são muitas informações, que demandam tempo de processamento e velocidade na conexão para serem acessadas, mas trariam um diferencial muito legal para a app. O aplicativo Roadify, um dos vencedores da competição New York City Big Apps, para ferramentas criadas com dados públicos na cidade de Nova York, é uma boa inspiração. Ele une informações do departamento de trânsito da cidade a informações enviadas pelos próprios usuários sobre situação do trânsito, atraso de linhas de metrô ou ônibus, entre outros. São dados úteis para quem está na correria do dia-a-dia.
Ainda sobre o trânsito, recentemente a prefeitura lançou o site PoaTransporte, que mostra todas as linhas de ônibus e lotação da cidade, além da localização de paradas e pontos de táxi. Trazer todas estas funções para a app talvez fosse ser trabalhoso e o resultado ficar pesado demais, mas pelo menos alguns recursos poderiam estar presentes.
Conclusões
Como uma primeira iniciativa dentro do mundo das apps para smartphone, a Porto Alegre App é um bom começo. É importante lembrar que ela ainda está em beta, e na própria tela de informações há o convite para que as pessoas contribuam para o desenvolvimento da ferramenta, enviando sugestões e críticas para o email portoalegreapp@procempa.com.br. O fato de ela ter sido lançada ainda durante versão de testes mostra uma abertura agradável da prefeitura: mostrar para as pessoas sem que tenha sido desenvolvida por completo, para se aproveitar do uso e das sugestões.
Valorizar o Orçamento Participativo na app, ao contrário de explorar apenas funções básicas, como em outras apps, é um diferencial bom. É interessante aproveitar este campo, e colocar mais informações sobre todo o OP. Pode-se argumentar que colocar as demandas do OP e seus andamentos em um aplicativo para smartphone é um esforço sem sentido, uma vez que quem mais se utiliza e acompanha a iniciativa são moradores da periferia, de baixa-renda, não usuários de smartphone. Entretanto, valorizar a iniciativa em uma app oficial mostra a importância do OP para o município e para a prefeitura, e traz mais legitimidade à ferramenta. Além disso, com a popularização de smartphones, cada vez mais a classe média tem acesso a este tipo de aparelho.
É necessário à prefeitura pensar em replicar a app para outras plataformas, principalmente a Android, que, além de ter uma participação grande no mercado (valendo a pena o investimento), atinge usuários de faixas de renda mais variadas.
Em resumo, a Porto Alegre App é um começo promissor. Se a equipe da Procempa continuar a desenvolver recursos para o aplicativo e ouvir o feedback dos usuários (sem esquecer de criar versões dele para outras plataformas), sem dúvida o investimento terá valido a pena. E, quem sabe, esse seja o primeiro de outros aplicativos da prefeitura? Se a administração municipal continuar a dar atenção para o desenvolvimento deste tipo de solução digital, sem dúvida se verá cada vez mais recursos aproximando-a da vida dos cidadãos.